Aí vem o Android, o ambicioso serviço de telefonia da marca que permite acesso a e-mail e ao Google Maps, sem que o usuário pague por isso.
O Google chegou ao telefone. A maior empresa do mundo virtual apresentou nesta semana o projeto que mantinha em sigilo há mais de dois anos – e que todos do mercado já batizavam de GPhone. É mais do que um simples aparelho com a marca colorida que se tornou sinônimo de inovação. Batizada de Android, a nova plataforma lançada oferece o que, até então, ninguém oferecia: um sistema operacional adaptável a qualquer celular, com dezenas de aplicativos, sem limite para a inclusão de novos – e, como reza a cartilha do Google, tudo de graça para o usuário. Com um só comando, será possível acessar, por exemplo, o Google Maps, o serviço de busca, a página do Orkut ou o serviço de correio eletrônico, o Gmail. Os telefones celulares com o programa chegam às lojas no segundo semestre de 2008. O Brasil pode entrar nessa onda também. “Isso envolve a decisão dos fabricantes, mas nós acreditamos que o novo sistema deve chegar aí nesse mesmo prazo”, disse à DINHEIRO Andy Rubin, o criador do Android (leia entrevista na pág. 46). O anúncio da empresa foi um balde de água fria nos insistentes rumores de que seria lançado, finalmente, o celular GPhone, um concorrente direto do iPhone, da Apple. Mas essa possibilidade não está afastada. Especialistas acreditam que, mais dia, menos dia, o lançamento de um aparelho exclusivo ocorrerá. Enquanto isso não acontece, estima- se que já existam, pelo menos, 20 modelos criados por parceiros do Google (como Motorola, Samsung e LG) que utilizarão o novo software da empresa. Há fabricantes esperando o sinal verde para criarem os seus aparelhos.
Não é difícil entender o interesse no Adroid. Ao contrário do que ocorre com os concorrentes, o sistema anunciado pelo Google tem código aberto. Ou seja, pode ser usado sem pagamento de licenças e modificado livremente. Já o Windows Mobile, da Microsoft, disponível no mercado, exige licença paga para funcionar. Mais: o Android dá liberdade para o consumidor escolher a marca de celular entre dezenas de opções. Já o iPhone, da Apple, não é assim. Há um, e só um, modelo à venda. O Google promete um navegador de internet “robusto”, segundo disse Rubin na semana passada, nos EUA. Detalhe: no sistema Symbian, um navegador para telefonia móvel desenvolvido por fornecedores como Nokia e Ericsson, a crítica principal dos clientes é a lentidão da rede. Foi pensando em tudo isso que o presidente mundial do Google, Eric Schmidt, saiu dizendo aos quatro cantos que o lançamento “é muito mais ambicioso do que se esperava”. Parte desse jogo, obviamente, é reforçar a mística de inovação e modernidade que envolve a empresa.
Ótimo, mas há uma questão crucial a ser respondida. Qual será o preço do Android? Como será a qualidade da rede? Aparelhos dotados com o Symbian, por exemplo, podem ser adquiridos por R$ 99, e o código também é aberto. No iPhone, o sistema é fechado, mas leva-se para casa um design revolucionário por US$ 399. O preço dos aparelhos com o Android ainda não foi divulgado, assim como se sabe pouco do design. O tamanho de um dos aparelhos, da fabricante HTC, até chegou a vazar ao mercado na semana passada (ele tem 7,6 cm de largura e 12,7 cm de comprimento), mas ainda há poucos dados. E também não se tem idéia do desempenho do aparelho com todos os aplicativos funcionando. É certo, porém, que o Google não abandonará seu modelo de negócios baseado na venda de espaços publicitários, principalmente os chamados links patrocinados, anúncios pequenos que aparecem nos sites de busca. A publicidade é a principal fonte para o faturamento do grupo – US$ 11,7 bilhões até setembro. Ao colocar na praça o Android, o grupo ampliará a audiência de seus serviços e, assim, valorizará ainda mais os espaços publicitários que vende, numa receita de sucesso que, até agora, não deu sinais de esgotamento.
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